domingo, 20 de julho de 2014

Confissão

Senti que já era chegada a hora. Esse blog já tem cinco postagens e pouquíssimos leitores, mas senti que deveria ser honesta com vocês e revelar logo: Eu já fui coxinha. Se é que ainda não sou, vez que ser coxinha depende não só de você, mas da opinião dos outros sobre você. Mas eu já fui tão coxinha que não precisava ninguém dizer, basta olhar pra figura que eu vou mostrar aqui pra vocês...

17 anos. Boa aluna. Boas notas nos Processos Seletivos Seriados para as universidades públicas. Aprovada antes de terminar o colégio no vestibular de direito da melhor faculdade privada da cidade. Classe média alta. Típica patricinha, apesar de não me considerar fútil. Porque aí é que se encontra a meu ver a diferença entre um ignorante ou alienado qualquer e um coxinha. O coxinha se acha politicamente envolvido. Acha que entende de tudo um pouco. E defende seus "ideais" sem nenhum aprofundamento. E essa era eu. Que defendia com vontade o "EDUCAÇÃO SEM POLÍTICA", porque era a favor, riam, de um ensino neutro. Que travava discussões acaloradas em sala de aula, falando besteiras e besteiras sem embasamento algum e que sim, caminhou até a Universidade Federal do Pará na "Marcha contra as Cotas", cotas sociais, diga-se de passagem. Nem ouso falar o que eu eu achava das raciais. 

Entrei na faculdade. Cursei uma semana de direito no Cesupa, quando saiu o resultado da Federal e eu entrei naquele mundo desconhecido chamado Universidade Pública. Confesso que antes de melhorar ainda piorei, falei mal do movimento estudantil (povo que só queria desculpa pra não assistir aula), do movimento de mulheres (as feminazi, como não falar? Tá, eu não usava esse termo, mas devia falar algo como "bando de mulher chata"), dos movimentos sociais, da esquerda em geral e etc. 

Até que fui estudando. Me aproximando dos direitos humanos, da filosofia, da ciência política. 

Passei pela fase da completa negação e completa falta de posicionamento. Nossa como eu me sentia perdida. Não conseguia emitir uma opinião sobre nada. Porque o que eu pensei durante 20 anos estava enraizado, mas eu via que tinha algo de errado. E por algum tempo só ouvi e li. E fui arrancando algumas daquelas raízes por cima mesmo, na marra.

Hoje já consigo emitir opiniões com algum embasamento, mas não tenho vergonha de dizer que ainda não posso me posicionar sobre determinados assuntos. Também trabalho sempre com a possibilidade de mudar essa opinião mais a frente. Já admito sem medo que luto pela efetivação dos direitos humanos, que sou feminista, que meu posicionamento político é de centro-esquerda, mas que ainda não encontrei um partido político que me agrade, que sou a favor do bolsa família, da distribuição de renda, da reforma política, das cotas nas universidades, para escola pública, para negros, para deficientes e para indígenas. Que defendo o parto natural e o direito da mulher de escolher sobre o seu próprio corpo. Que sou a favor da legalização da maconha. 

Mas não era ter opiniões diferentes dessas que me faziam ser coxinha, entendam. Era a forma de defendê-las. Era o se achar superior, o não enxergar mais do que a minha própria realidade e claro, ler e acreditar em tudo que a revista Veja dizia. 

Então, feita a confissão, acho que podemos continuar nossas conversas, sem hipocrisia.



quarta-feira, 2 de julho de 2014

Ficando feminista

Como eu já mencionei antes eu já fui do time do "não gosto desse papo de feminista", "não tenho nada contra os homens, só quero direitos iguais" e tal. 
E mesmo depois de perceber que uma coisa não tem nada a ver com a outra e aceitar que ser feminista podia ser bom, demorei ainda mais em me admitir como feminista. 
Aliás, confesso que até hoje ainda tenho receios as vezes. Porque eu cresci em uma sociedade machista e muitas vezes sigo comportamentos machistas e até os reforço, afinal, não é nada fácil se desvencilhar de ideias que nos foram passadas como "naturais", "normais" e que até hoje são reforçadas pela mídia e pela sociedade como um todo. 
Achava que o fato de eu ainda ter esses comportamentos, de ser católica, de ser romântica e ter casado aos 23 anos me tornavam inapta a usar o título de feminista, afinal não se parece nem um pouco com o modelo de feminista que eu tinha em mente. Mas aí eu lembro que tudo isso foram escolhas minhas ou fazem parte da minha personalidade e não me diminuem como mulher. Que o fato de eu não ter uma concepção formada sobre o aborto ou de não concordar com algumas pautas de alguns movimentos de mulheres não me faz não-feminista. Que ser feminista abrange diversas possibilidades e não uma única forma de ser. Isso quando eu to racional, claro.
Mas aí a pessoa aqui, que é louca por scrapbook, vê o seguinte anúncio no facebook: "suas filhas vão amar nosso vurso de scrap nas ferias!". E a primeira coisa que pensei foi: porque raios excluíram os meninos do público alvo, gente? Até scrapbooking é coisa de menina agora? Aí me enxerguei e me assumi. É, acho que tô ficando feminista mesmo.


*esse texto contém alguma dose de ironia, mas eu não dou boa nisso, por isso preciso explicar em nota antes de ser crucificada. 

Metendo o bedelho

Opinião é uma coisa engraçada, né? 

Tem gente que só quer opinião se for concordar com ela. Então é assim: você apresenta um problema - numa conversa, numa rede social - se você o dividiu com aquele grupo de pessoas, você indica que aceita que elas lhe deem opiniões, dicas, conselhos para solucioná-los, certo? Mas aí alguém te dá uma opinião, uma sugestão totalmente fora daquilo que você aceita ou imaginaria e você acha tão absurdo que fica com raiva e acha que a pessoa devia simplesmente ter guardado aquilo pra si, afinal, pra que se intrometer? Aí eu pergunto: pra que falar então, gente? 

Tenho percebido tanta intolerância ultimamente que até me assusto olha. Acho que ando precisando aprender a meditar. Logo eu, que adoro dar opinião, ando precisando aprender a ficar quieta. Ou posso continuar arriscando minhas relações sociais e falando quando achar que devo.

Lembro que aqui todos podem ficar à vontade pra expressar suas opiniões. Não tem raivinha não povo! rs

A Besta Chorona.

Essa sou eu, a que chora em comerciais.


Alguém mais??

terça-feira, 1 de julho de 2014

A moça dos blogs.

Essa sou eu. 

Tive meu primeiro blog com 13 anos e daí não parei. Não que eu tenha algo realmente de importante pra dizer, mas eu descubro cada dia mais que sou uma pessoa verbal. Preciso de palavras para me expressar, preciso escrever e sim, preciso ser lida. Porque gosto de ser questionada, perguntada, criticada nas coisas que tenho pra falar e na era das redes sociais quem ainda escreve pra si, né? Toda vez que reabro um blog antigo vejo quanta besteira eu falei e como mudei de ideia, a partir de debates, de diálogos, de aulas. 

Tenho feito isso no Facebook atualmente, mas tem um grande problema. Lá somos todos "amigos" e se você escreve algo aleatoriamente, tudo pode parecer indireta, pessoal e bla bla bla. E nesse ponto sou meio sem paciência, porque apesar de gostar de ser lida e gostar de saber opiniões diferentes das minhas eu escrevo pra mim. Escrevo para refletir. Para registrar. E para dividir pensamentos e ideias. Não escrevo pra criticar fulano, falar mal do ciclano ou parecer isso ou aquilo. 

Outro problema é que as pessoas se ofendem muito com o que lêem no facebook, se você expressa uma opinião de que, por exemplo, acha errado bater em crianças, todo mundo na sua timeline que bate nos seus filhos ou que apanhou quando criança e não acha isso um problema vai te odiar e tentar te convencer com unhas e dentes de como aquilo foi bom e quando você mostrar que tem fundamentos pra basear sua opinião vão te chamar de "metida a esperta", "arrogante" ou te mandar um "beijinho no ombro" por estar expressando sua opinião em sua própria timeline. 

Então assim, me interessam outras opiniões. E muito. Mas o fato de de repente manter a minha sobre certo assunto não quer dizer que eu seja cabeça dura. Pelo contrário, quer dizer que eu li outros argumentos e ainda assim acredito que as razões que sustentam a minha opinião continuam fazendo sentido. O que nem sempre acontece, obviamente. Diversas vezes já mudei de opinião, exatamente assim.

Por fim, queria dizer que to aqui pra escrever sobre o que me der vontade. Esse blog não tem um tema, por assim dizer. Embora, inevitavelmente, certos temas que são do meu interesse devam aparecer com frequência por aqui. Eu sou advogada, mestranda em direitos humanos. Logo, direitos humanos aparecerão eventualmente por aqui. Sou mulher e tenho lido cada vez mais sobre feminismo e descoberto uma feminista dentro dessa que abominava esse termo na faculdade - ré confessa, eu sou. Outro tema que deve aparecer por aqui. Apesar de não ser mãe, me interesso bastante por assuntos ligados à maternidade e criação de filhos, o que de certa forma está ligado ao meu interesse pelo desenvolvimento humano, especialmente na infância. Outros temas pra ver por aqui. Amo viajar, estudar línguas, cozinhar e comer, psicologia, arte... Mas talvez bem mais que isso apareça, ou não. Sou mestre em abandonar blogs. hehe. 

Então, se você chegou até aqui, seja bem-vindo (colegas feministas, sorry, mas ainda não acostumei a usar X ou @ e nem sei se isso vai acontecer), puxe uma cadeira e bora conversar??

Ah, eu falo pra caramba!